Atenção

Segundo Blog em Sou uma Cyborg - Ouvido Impantado

Contacto: soucyborg@gmail.com

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Sim versus Não


(Art By Memorex)


Como será a dita sensação no momento operativo do ouvido interno, composta pela cóclea que me envolve células mortas com pequenos cílios, da qual transforma a minha vibração em sinais eléctricos sensoriais, distorcidos e inatingíveis.
A unidade interna, já implantada cirurgicamente por debaixo da pele do meu couro cabeludo fantasiado, possuirá um feixe de eléctrodos que será posicionado interiormente na cóclea.

- Meu deus! Tens a certeza absoluta, de que queres avançar para frente?

- Sim! Sim!

- Não! Não!

- Sim ou não? Assim, não adianta de nada, não saberás se tenha mesmo valido realmente a pena.

- Silêncio!

Estou tão habituada a viver silenciosamente, não um silêncio negro, escuro ou sombrio de uma tempestade destemida, mas tranquilidade e serenidade de um brilho confidente.
Este mesmo fulgor pincelado de segurança, que me abraçou no tremor de terra onde cujos meus olhares amedrontados se encontraram perdidos para toda a eternidade!
O meu rosto encoberto numa seda de túlipa imaculada e transparente, tão inocente e frágil mascarava por completo a música da própria vida, nas representações visuais.

- Os meus olhos são os meus ouvidos. Tudo que vejo, eu sinto.

- Silêncio!

- Silêncio!

- Queres um conselho meu? Ouve a ti própria, o que o teu coração diz? O que te repele fortemente? Qual o teu maior sonho e desejo?

- Reencontrar os sopros da melodia e desejo o que muitos apreciam,

o SOM, o OUVIR das belezas no mundo...

sábado, 20 de janeiro de 2007

Triiim! Triiim! Triiim!

(Art By Memorex)

Triiim! Triiim! Estou a ouvir! Que som é este?

Fez-se silêncio…

Triiim! Triiim! Outra vez? Não consigo encontrar o seu rasto. Parou?! Estranho, devo estar alucinada. Zumbidos constantes reaparecem, giro a cabeça, tentando seguir o forasteiro som no corredor.

Pressinto-o, cada vez mais fraco e distante fica. Acelero a marcha, não vás ainda, por favor, deixa-me descobrir donde vens.

Tarde demais! Não cheguei a tempo, o ruído sumiu-se novamente. Nem um passo, estou quieta e hesitante a murmurar só, para dentro do meu umbigo:

- Que entoação era aquela? A soada desvairada é-me desconhecida. Será a existência de um novo som?
- Impossível! Sim, mentaliza-te é inadmissível. Tu não ouves, e como podes escutar para além do infinito sonoro?
- Estás a esquecer-te de uma coisa…!
- Ah! Pois é, que idiota sou… não me tinha ocorrido: os aparelhos auditivos!

- Foram eles os responsáveis no achado daquela melodia? Evidentemente, sim, o murmúrio continua minuciosamente escondido.

O ambiente da sala mantém-se luminoso, uma névoa dispensada do véu pendurado num pilar redondo de madeira. Apenas claridade e sossego habita o estado tremeluzente silencioso.
Vagueio, deslizo as pontas dos meus dedos, o cortinado leite-creme prestes a desvendar o refúgio do som, de repente é despertado a entoar sonoramente: Triiim! Triiim! Triiim! Triiim!

O telefone a beijar os sopros da distância.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Silêncio

(By Memorex)

Não digas nada. Ouve apenas.
Pára de mexer, deixa-te á mercê do emudecimento e assiste o momento no silêncio de um sorriso que soam timbres.

Foste abalada de surpresa, pelo choque inicial das tuas próteses auditivas e toda a música estava no ar, invisível!

Sons indecifráveis como cordas riscadas de uma guitarra, batidas repetidas de um tambor.

Voa, deixa-te levar. Mergulha-te!

Silêncio! Não faças barulho, deixa-a ouvir. Ela ouve a melodia de maneira diferente, mas não como nós. O seu corpo vibra imensos fios condutores das notas musicais suspensas no céu.

Repara, olha como ela dança rodopiando os passos geométricos de movimento, é esta a dilecção intensa da sua música no silêncio. Uma intensidade ímpar!

Vamos embora, deixamo-la aqui um pouco...