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Segundo Blog em Sou uma Cyborg - Ouvido Impantado

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domingo, 23 de março de 2008

O Pulsar das Sonoridades

Memorex

"Vrumm vrumm vrumm", o vento, gosto de ouvir o som da ventania, a agitação do ar numa corrida desenfreada que me enlouquece perdidamente e faz girar os fios do meu cabelo como uma avalanche. Os meus olhos miram a energia impulsiva da aragem no campo, o sussurrar melódico que me abraça de ternura naquela linda manhã.
A alvorada de todos os sons, a origem das pautas toadas em cada espaço povoado atraído por uma orquestra instantânea, e o meu mundo auditivo era pequeno demais para aquela imensidão onde o pulsar das ervas daninhas faziam vibrar no horizonte, uma musicalidade revigorante.
Contemplada na beleza da paisagem, a brisa gelada acarinhava a face e as bochechas rosadas tinham ganho cor, no lugar remoto podia aperceber a abundância da água, uma ribeirinha a circular com firmeza no castanho agreste de carícias.
Contida no carpido do pranto, fiquei sem saber o que dizer senão vislumbrar o panorama da Natureza, a perfeição dos tons, o céu alaranjado e os murmúrios dos pássaros. Parecia-me um sonho inacreditável e ilusório, fitada em pensamentos a sentir as sonoridades a penetrar em mim num só corpo serpenteando nas extremidades da cóclea até á ponta do véu, o nervo auditivo.
Acompanho o ritmo da minha respiração, vai e vem, expiro e inspiro numa simplicidade, uma festa sensorial quase mágica.
O som da vida, o som do ar que sai do meu próprio corpo, do nariz e boca expelindo o dióxido de carbono envelhecido para o mundo. Senti a energia a flutuar em mim, a tenebrosa magia de encantar o som do silêncio.

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