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Segundo Blog em Sou uma Cyborg - Ouvido Impantado

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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

6 Meses de Activada

(Art By Memorex)

Olho para trás e digo como o tempo voou mas a verdade é essa continuas embutido dentro de mim, no lugar em que todos os despertares do dia és ansiosamente activado. Sim, querido Sun Melody sou feliz contigo, desde o primeiro momento em que te vi, sobejamente elegante e poderoso com o mundo virado do avesso!

Nem acredito, seis meses na Cidade dos Sons, inundados por uma chuva de estrelas melódicas que se encontravam escondidos em pequenas grutas, mas aos poucos elas iam se revelando através dos buracos onde o sol deitara por entre as pedras do monte. Nós ali, sentados na relva, no silêncio da noite está-se bem e faz fresco e o vento a bater na face, a ténue brisa dança comigo e de repente o Sun Melody encosta de mansinho e diz-me no ouvido implantado: “ouves a relva a bailar, os ramos das árvores ansiosos por verem o mundo, consegues escutar a paisagem, a vida que flui?”

Subitamente, o meu rosto sorri de satisfação e deixo-me conduzir pelo som e ali somos um só, eu e o Sun Melody, senti a ser beijada, o meu corpo era como uma melodia esvoaçante! A soada acarinhava-me a mente, o cérebro e o espírito. Tudo era música.


“Lembras do dia 30 Julho de 2007, Sun Melody?”

“Memorex, como poderia não recordar? Jamais irei esquecer este doce instante quando o técnico J.P me ligou e pude dançar na tua cóclea a emitir apitos agudos.”

“Estava tão nervosa pois não sabia que tipo de som irias reproduzir, e quando nasceste no universo das melodias, fiquei boquiaberta!”

“O teu coração batia com muita força, bombardeando o sangue pelo corpo mas os teus pensamentos estavam centrados em mim, soube logo que era amado e fui concedido pela tua vontade de ouvir o mundo.”

“Olha só, Sun Melody não sabia que eras tão poético como eu! Espera ai, ouviste? Que era aquilo?”

“Não sei, vamos ver? Estou empolgado e parecemos duas crianças a descobrir o mundo!”

“È como uma injecção de felicidade e expectativa em cada esquina, então pensamos e sentimos a mesma coisa, será telepatia? Continuo embalada por ti.”

“Gosto desses momentos, tão nossos numa linguagem própria, de conversar contigo sem ninguém intrometer e perturbar o sossego cúmplice.”

“De onde vem aquele som? Parece nunca acabar, tenho um pressentimento Sun Melody de que seja o vento, vamos desvendar?”

“Vamos Memorex, estou super ansioso e podes andar mais depressa?! O som intermitente está a fazer-me cócegas e não aguento!”

“A sério, sentes isso? Engraçado! Será dos eléctrodos a captar determinada frequência, é que estou a ouvir com muita claridade!”

“È tão divertido, estamos completamente atinados! Aí ah ah ah, pára com isso!”

“Estás bem Sun Melody?”

“ Ò Memorex, faz com que as cócegas terminem, vai para a varanda e ficaremos ali os dois a maravilhar o som do vento.”

“A explorar os sons que nem umas crianças como Alberto Caeiro a descobrir o MUNDO!”

sábado, 26 de janeiro de 2008

Marco Histórico


Durante a minha adolescência tinha uma inveja danada de todos os meus amigos ao utilizarem os auscultadores com microfone nas salas de chat, tentava também a muito custo perceber alguma coisa através das próteses auditivas… as palavras eram imperceptíveis, sem nexo, não tinham sentido para mim, dificilmente conseguia entender se era um “olá” ou o “estás boa?”.

Hoje posso sorrir, e gritar: tenho o meu próprio auscultador com microfone! Já o estreei e o Sun Melody amou a experiência, distingui palavras isoladas ao mesmo tempo que a minha amiga teclava nos botões!!! Incrível a qualidade sonora é tão nitida, ainda com uma fidelidade impressionante.

Fui a um site espanhol onde tem um reportório de inúmeros sons quer em animais, transportes, música, água, gentes, acções humanas, concertos e mesmo fonética espanhola e algumas poucas palavras portuguesas tais como:
“afirmativo”, “negativo”, “bonito”, “último”, “viva”
Apercebi, que tenho dificuldade em discriminar auditivamente o “ti”– irei treinar para poder dar enfoque a estas duas letras.

Há sempre uma primeira vez para TUDO.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Corvo


No café, á esplanada com a minha cara-metade estava pejada de sono, o dia ainda raiava mas a moleza dominou-me por completo, queria apenas uma almofada!
Ruídos conhecidos, camionetas, carros, crianças, copos, o tilintar das moedas, de repente o meu cérebro parou ainda com dúvidas, ouvi qualquer coisa, mas não sabia o que era… impossível em descrever a soada, não entendi lá muito bem.
O meu namorado ao reparar da inquietação chamou-me com o simples toque no braço, verbalizou “Olha ali em cima, na chaminé daquele prédio.”

Exclamei: “Um pássaro preto?!”

Não, não era um pássaro preto, mas um Corvo! Continuámos sentados, ele diz: “Espera, vamos ouvir ele a guinchar”. O som emitido era estranhamente débil, nada bonito, apenas um vozeado agudo. Sinistro!

domingo, 20 de janeiro de 2008

Som Re(conhecido)?

(Photo By MC)
A irmã e a mãe leva a irmã/filha mais nova á Academia de Música, onde iria exceder as aulas de tarde com enorme prazer. Faltava ainda três horas para ela sair das actividades extra-curriculares, fomos dar uma volta pela cidade, o pátio estava inundado de Staker’s a testar peripécias arriscadas.

Percorremos o labirinto cheio de lojas em saldos, paramos numa esplanada cheias de fome e como não resisti, pedi um crepe de maça acanelado para nós as duas… uma delícia! A cidade tinha um cheiro peculiar, o seu odor a humidade, os prédios degradados, os pombos poisados nos telhados, e crianças a brincar sob o olhar atento dos pais.

O que me mais chamou a atenção, foram os guinchos do voo raso das gaivotas, o grito das crianças, as pessoas falarem ao mesmo tempo, além disso o tempo estava estupendo, muito solarengo e azulado, um dia de Primavera no mês de Janeiro!

Regressámos á Academia, eram quase 18 horas, as duas sentadas no corredor do edifício remodelado com mais de um século, conversa puxa conversa, até que alguém começa a tocar e a música vinha do 1º piso, sinto paz e tranquilidade, escuto suavemente… dialoguei para os meus botões: “Será que alguém está a tocar Piano?”

Perguntei a minha mãe, sentada a meu lado: “Mãe, estou a ouvir alguém a tocar, vem do Piano?” e o rosto ficara incrivelmente surpreendido, respondeu: “ Sim, é do Piano” ficou calada por instantes a pensar e depois disparou: “Puxa! Tens um cérebro inteligente” e a verdade, antes de me ensurdecer contou que eu amava a música e costumava cantar, dançar sem parar.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Choro de Criança


Estava a estudar no escritório, a ler um texto espanhol sobre o Picasso, o carismático pintor que revolucionou o movimento Cubista. Por ai tudo bem. Ouvia somente barulhos intransigentes do prédio, vizinhos irrequietos, alguém martelava na parede.

Sons que ao passar dos dias, acabei por habituar e reconhecer estridentemente determinado ruído. Começo a ouvir passos vindos das escadas, apercebo que há gente, talvez duas pessoas no mínimo, julguei eu.

Um novo som sacudiu para o meu cérebro, e por sua vez apanha a atenção onde começa o processo de codificar a linguagem auditiva: é um choro de uma criança! Será? Levantei-me da cadeira, fui directa á porta de entrada bisbilhotar no pequeno círculo vidrado, não vi ninguém, os passos subiam desordenados e o som vinha com mais intensidade, um choro bastante sentido e desesperado!

Lentamente, a vizinha do outro lado abrira a porta, avisto um rapaz com óculos, de blusão azul, e atrás surge outro, é irmão do mais velho, um menino com o rosto avermelhado a chorar compulsivamente!

(dia 7 de Janeiro)

domingo, 6 de janeiro de 2008

Asas de Liberdade


De mãos dadas com o meu namorado, ouvi o chiar de um pássaro escondido na árvore, cantarolando sem parar, uns intervalos ali e acolá onde consegui descriminar na perfeição o entoar melódico: piiiiiii pii piiiiiiii pii piiiiii – fiquei siderada de encantamento!