
Com o processador de fala ligado, lançei para a alcatifa do mundo, vozes irreconhecíveis e entorpecidas formaram um coro acanhado e desnorteado, sem controlo serpenteavam entre os fios do meu cabelo.
Encontrava-me numa circunferência política, os homens muito passivos e mulheres ambiciosas, todos com tendências intelectuais e eu mergulhei em pensamento. Desligada de tudo.
Não queria saber de que falavam, nada naquilo me chamava atenção. Parecia ter aquela inteligência fenomenal ou um parafuso a menos, camuflei-me simplesmente no meio de toda a gente que alguns me conheciam.
Ora cumprimentavam com um esboçar apressado, outros cientes da minha dificuldade em captar a fala humana explicaram-me prontamente, com todos os detalhes e ansiosos por me ouvirem. È um tipo de bondade que posso crer ainda neste mundo corrupto e cruel.
Dirigi á porta de saída, comecei a ouvir um som original, diferente e parei, aproximei como um gato que procura o rato, para o devorar. Que som seria aquele, suave, parecia ser o vento que ia e vinha...
Encontrava-me numa circunferência política, os homens muito passivos e mulheres ambiciosas, todos com tendências intelectuais e eu mergulhei em pensamento. Desligada de tudo.
Não queria saber de que falavam, nada naquilo me chamava atenção. Parecia ter aquela inteligência fenomenal ou um parafuso a menos, camuflei-me simplesmente no meio de toda a gente que alguns me conheciam.
Ora cumprimentavam com um esboçar apressado, outros cientes da minha dificuldade em captar a fala humana explicaram-me prontamente, com todos os detalhes e ansiosos por me ouvirem. È um tipo de bondade que posso crer ainda neste mundo corrupto e cruel.
Dirigi á porta de saída, comecei a ouvir um som original, diferente e parei, aproximei como um gato que procura o rato, para o devorar. Que som seria aquele, suave, parecia ser o vento que ia e vinha...
Foi então que os meus olhos fixaram para a idosa sentada na cadeira, num canto fresco á sombra da janela, cansada dos quilómetros da vida, os cabelos brancos de velhice e as rugas montanhosas na face coloriam os seus olhos azuis, tão azuis, aquele belo azul cobria toda a beleza naquele corpo marcado pelas cicatrizes do passado.
Reparei, que ela segurava o leque de palha rico de cores em movimento, para a esquerda e direita, fechei as pestanas só para ter a certeza se era o som que perseguia, estremeci no suor da alegria e gritei interiormente. A sua visão centrada em mim, sorri-lhe, talvez contagiada ela retribuiu-me um riso envelhecido, e os olhos azuis dela beijaram os meus castanhos.
Sai de lá, triunfante!
7 comentários:
Lindo! Lindo...! LINDO TEXTO!!! Fiquei tão envolvida nas tuas palavras, em cada movimento, até encontrares a idosa de uns olhos tão azuis com um leque deveras colorido... a forma como a desenhaste em letras tão especiais, tocou-me...
Beijinhos coloridos para ti, querida amiga!
tens razão ... é um som lindo ...
____
obrigada pelas lindas palavras que me deixaste há dias ....
fico feliz por teres aproveitado a minha sugestão ... aposto que vai ser um sucesso...
beijinhos doces
Poesia pura esse post. Adorei ler ele, assim como adoro ler todos seus escritos, recheados da mais deliciosa e pura poesia... Uma deliciosa leitura, comparável somente com a delicia de redescobrir os sons...
Continue assim Alice, nos brindando com suas belissimas poesias :)
Lindo amiga.
Cada vez mais te surpreendes!
Tu escreves mui lindamente.
Que te aconteças mais adoráveis surpresas sonoras.
Bjos
Minha querida Memorex
Que texto lindo e envolvente pela delicada beleza com que escreves
Beijinhos com carinho
bomFsemana
Deve ser lindo a descoberta deste mundo novo! E tu sabes descrevê-lo tão bem!... Lindo, lindo...
Beijinhos!
Olá @Memorex!
Um bonito post.
Nunca me canso de comentar as tuas novas e deliciosas experiências, no mundo dos sons.
Sê Bem-Vinda a este Mundo.
Um graaaaaaaande beijão:
M.M.
Enviar um comentário